terça-feira, 24 de maio de 2016

A morte roubada ou O suicídio de um metamorfo

   Ele era um metamorfo. Assumia, desde sempre, a forma de qualquer um que quisesse, exceto a sua própria, pois não tinha nenhuma. Sua forma natural era necessariamente copiar alguém. Não havia cerne, nem âmago, sua essência era o duplo de outro que vira um dia.
   Também não tinha a capacidade de criar uma forma, apenas buscar no subconsciente rostos que vira durante toda a vida e recriá-los no seu. Sua sentença era ser outra pessoa.
   Eis que um dia, farto da vida vadia, trancou-se num quarto de hotel (fingindo ser um hóspede) e decidiu pular da janela.
   Passou apenas uma única coisa em sua cabeça: Quem ele iria matar com a queda?

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