Conheci um homem nas vielas do subconsciente, num bar que eu sempre frequentava quando a segunda vira terça. Conversamos um pouco e bebemos. Ele bebeu, eu acompanhei com os olhos cada giro insano daquele pequeno copo que abrigava um oceano em chamas.
"O que existe é o que pode ser tocado?" me perguntou virando todo o veneno para dentro. Os olhos reviraram em chamas.
"Não... Minha voz existe e você não pode tocá-la." arrisquei constrangido.
"Meus ouvidos podem... Tocar não é só com as mãos, garoto" respondeu sendo servido por mais uma dose do estranho barman.
"Mas e os pensamentos?" indaguei, reflexivo.
"Eu iria tomar mais uns 5 copos antes de chegar nesta parte. Mas já que você adiantou... E o pensamento? Ele existe? Quem prova que ele existe? Eu não sei, não posso tocá-lo com as mãos e nem com os ouvidos"
"O pensamento só existe se virar fala!" Concluí. Ele olhou pra mim e riu em deboche.
"Então não é pensamento"
Ele tinha toda a razão do universo. Nós existimos infinitamente dentro de nós e só podemos ter certeza de nossa existência. Quantos universos inexplorados existem na cabeça de cada um? Eu martelava tudo isso em minha mente.
"Não pense tanto, garoto... Vai acabar achando que não existe"
Eu assenti. Pedi ao barman um copo.
"Para lembrar ou para esquecer?" perguntou.
"Para existir" respondi.
Nenhum comentário:
Postar um comentário